Irmandade
A Netflix estreou mais uma super série com DNA brasileiríssimo, Irmandade é a novidade do catálogo
Que o 2019 foi um ano de sucessos nacionais dentro da plataforma da Netflix ninguém duvida. O ano começou com a leveza de Coisa mais linda, pegou fogo com Sintonia e fecha com chave de ouro com a estreia de Irmandade.
Veja o trailer:
A série gira em torno de Cristina (Naruna Costa), que quando criança vê seu irmão mais velho Edson (Seu Jorge ) ser preso por tráfico de drogas. A garota cresce, se torna advogada e, agora, trabalha no Ministério Público de uma pequena cidade paulista.
O enredo começa a se tornar estimulante quando Cristina, após um o em falso, é obrigada, pela polícia, em uma espécie de chantagem, a se infiltrar na facção do irmão (a Irmandade) se tornando informante.

Netflix Divulgação
Ambientada nos anos 90, Irmandade traz a nostalgia da época, a cultura, músicas, a moda, os costumes da época. Chama atenção a ausência da tecnologia hoje comum a nós como internet e smartphones. O cenário, a fotografia, os diálogo são impecáveis.
Além do enredo e roteiro, e excelente escolha do elenco, um destaque especial vai para a fascinante atuação do Seu Jorge, personagem principal e chefe da facção. Seu Jorge brilha na música, e é um ator sensacional, que merece muitos outros papéis, para além do bandido. Seu personagem luta contra uma sociedade opressora e levanta importantes reflexões sobre a questão carcerária no Brasil.
Vale destacar também a primorosa e “sanguinária” direção de Pedro Morelli. Não por acaso, a classificação etária da produção é 18 anos. Apesar de sentir os primeiros três episódios arrastados por uma trama quase “clichê”, a partir da metade da série, o público têm a oportunidade de ver a realidade do sistema carcerário nacional a partir da visão do preso.

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Irmandade desmistifica a famosa receita hollywoodiana de mocinho e bandido, assim como na série espanhola La Casa de Papel, e faz questionar nossos próprios preceitos morais. Pra quem torcer? Por uma polícia assassina e espetaculosa ou uma facção criminosa que prega igualdade?
A propósito, Irmandade é a primeira obra da Netflix com dois negros como protagonistas.
Durante uma entrevista coletiva, Morelli respondeu uma questão importante sobre o contexto escolhido para a série. Irmandade se a nos anos 90, não só por que a época traz um cenário relevante para retratar a ascensão de uma facção criminosa em São Paulo, (que também foi destaque aqui no Documentário Guerras no Brasil.doc) mas também por que tal escolha proporciona uma relevância ainda mais produtiva para uma protagonista feminina.
Essa protagonista é Cristina, que acaba se tornando uma peça importante dentro da Irmandade ao ter todo o seu senso de justiça jogado no lixo pela polícia como instituição.
Trilha Sonora
A trilha sonora da série é bem variada. Vai de Racionais MC’s a Amado Batista. A trilha foi idealizada por Rica Anabis, Nick Graham Smith, Tejo Damasceno e André Lucarelli e se encaixa perfeitamente com a narrativa e os personagens. É possível sentir a representatividade para fora das telas por meio das músicas.
Irmandade é uma daquelas séries que faz a gente dizer: “Porra, Netflix!”
A Coluna Território Livre é dedicada a análise de filmes e séries e outros entretenimentos.